O QUE É

A MARCHA

Em defesa do poder soberano do povo brasileiro decidir a construção, ou não, da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a Marcha Xingu é o deslocamento físico de um grupo formado a partir das #Ocupas no Brasil, que percorre entre dezembro de 2011 e março de 2012 quatro regiões brasileiras, sendo recebido pelas #Ocupas organizadas a partir de outubro de 2011 no país, pelo movimento em defesa das terras indígenas e pelo movimento em defesa das populações atingidas pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A Marcha Xingu tem projeção no movimento internacional - 2012 internacional road to dignity - pela descentralização dos poderes políticos e econômicos em diferentes países na Europa, Ásia, África, Oriente Médio e Américas, o que no Brasil ganha ênfase na proposta de superação da "representação política", a democracia real/direta, ou mais simplesmente, o poder do povo brasileiro intervir/decidir demandas arbitrariamente atribuídas aos poderes legislativo e administrativo do estado nacional. A projeção internacional resulta do fato da Marcha Xingu emergir da necessidade de interconexão entre as #Ocupas no país, o que se amplia na integração não só das #Ocupas, mas também de movimentos, sociais e ambientais, em defesa das terras de grupos tradicionais no Brasil.

A ideia da Marcha Xingu Vivo surge em outubro de 2011 durante a ocupação #IndignadosFloripa-Br, uma das #Ocupas no Brasil. As #Ocupas eram ocupações de espaços públicos com barracas e reuniam pessoas apoiadoras da democracia, direta/real, a partir de eventos convocados através das redes sociais. 
A ocupação #IndignadosFloripa-Br reuniu cerca de 50 pessoas no campus da Universidade Federal de Santa Catarina em eventos anunciados pelo Facebook. A iniciativa destas primeiras reuniões foi de Bruno Rodrigues e Jakeline De Souza, duas presenças com conexões diferentes, as #Ocupy nos EUA e as #Acampadas na Espanha, respectivamente. A partir das primeiras reuniões o grupo decide organizar uma ocupação dentro do campus da UFSC. Esta ocupação dura um mês e depois muda o acampamento para a Avenida das Rendeiras, às margens da Lagoa da Conceição. Sobretudo a ocupação #IndignadosFloripa é o espaço de debate onde emerge a proposta da Marcha Xingu que teve por objetivos, de um lado, conectar as ocupações no Brasil e, por outro lado, assumir uma intervenção no cenário político brasileiro pela descentralização dos poderes econômicos e políticos, o que se apresenta como democracia direta, ou ainda, simplesmente, o pleno exercício do direito dos povos sobre as leis, a exemplo do que aconteceu em 2009 na Islândia.
Ao curso da trajetória da Marcha Xingu, acampando em diferentes ocupas do Brasil, apresentamos a proposta de plebiscito popular para a decisão sobre o projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Ao ser divulgada a organização da Marcha Xingu entrou em contato com as #Ocupas no Brasil, propondo a concentração da Marcha na #OcupaPoa e a viagem, Florianópolis,  Curitiba,  São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Santuário dos Pajés em Brasília, e Altamira no Pará. 
Integrantes da #OcupaPoa Leo Salazar, Emanuel dos Santos, Eduardo Kirst, Marucha, uma estudante eslovena de graduação em antropologia e que estava no Brasil para sua pesquisa de campo etnográfico e a idealizadora da Marcha, JakelineDeSouza, receberam Dalto, um advogado da #OcupaSampa, ocupação em São Paulo capital.  De São Paulo chega a proposta de uma lei de iniciativa popular que decidia pela mudança da Lei 9.709/98, lei que regula plebiscitos, referendos e leis de iniciativa popular. A #OcupaSampa traz para o debate o problema de, no Brasil, as propostas de plebiscitos serem apresentadas exclusivamente por "representantes" políticos, o que tornava impossível a realização de um plebiscito no Brasil para decidir sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Assim sendo, pelo propósito de agregar forças, pois que não alcançaríamos a coleta de, na época, um milhão de assinaturas, aceitamos a presença de colegas da #OcupaSampa, aceitamos o carro e todo o material para a realização da coleta de assinaturas, faixas, mesas, formulários, e, apesar de não concordarmos com os termos da lei de iniciativa popular na íntegra, pois que definia que após as propostas de plebiscito serem assinadas por 1% do eleitorado nacional ainda teriam que ser submetidas à aprovação dos "políticos" na Câmara dos Deputados, o que contradiz os termos constitucionais para o quesito que estabelece por essa mesma lei o alcance da soberania popular, ou seja, o poder do povo sobre todos os outros poderes na nação, saímos de Porto Alegre em Marcha num pequeno grupo de seis pessoas, e que, ao longo da viagem, variou de 3 a 13 pessoas.
A Marcha é uma jornada que inicia em Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul na região Sul, e desloca-se até Altamira, cidade do estado do Pará na região Norte do Brasil mais gravemente atingida pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
A concentração do grupo inicia em Porto Alegre, no período entre 20 a 31 de dezembro de 2011, na Praça da Matriz. Apesar de termos marcado o início da Marcha para dia primeiro, por pedido do Dalto que vinha de São Paulo de carro e precisava descansar, saímos dia 2 de janeiro e seguimos para Osório/RS. Em Osório mais um íntegrante entrou na Marcha. Chegamos em Florianópolis/SC dia 4 de janeiro, ficamos hospedados na casa da organizadora da Marcha, sempre coletando assinaturas para a lei de iniciativa popular nos espaços públicos das cidades. Seguimos viagem no dia 09 de janeiro. Em Florianópolis o jovem que entrou na Marcha em Osório decide voltar para casa e Gastão entra em Marcha. Passamos por Joinville/SC no dia 09, em Joinville Bruno, organizador da Marcha da Maconha na cidade entra na Marcha Xingu e segue até Campinas. Chegamos à Curitiba/PR no mesmo dia 09 somando 7 integrantes. Em Curitiba fomos recibidas/os por um grupo grande pessoas envolvidas com as propostas de democracia direta no Brasil, foram realizadas  palestras, passeatas na Rua XV, na Boca Maldita, fizemos a coleta de assinaturas, e realizamos vigílias durante às noites de permanência da Marcha em frente à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade. Naquele momento era proibido acampar em praça pública em Curitiba. Quando saímos de Curitiba, dia 12 de janeiro, inicia a #OcupaCuritiba em espaço físico, pois já existia a organização online do grupo. Milton, que segue até Altamira, entra em Marcha a partir de Curitiba. 
Chegamos dia 12 em São Paulo - capital, permanecemos até dia 21 de janeiro. Robson Silva entra na Marcha em São Paulo e segue até a #OcupaBH, onde permaneceu acampado após a Marcha seguir para Brasília. A #OcupaSampa estava dividida em dois grupos e o grupo que se organizou para ir à Porto Alegre para participar da Marcha Xingu não conseguiu manter a ocupação para receber a Marcha Xingu. Como resultado a #OcupaSampa desfez o acampamento durante todo o período de permanência da Marcha Xingu, além de eu, Jakeline De Souza, sofrer ataques pessoais de indivíduos que participavam da #Ocupa e eram contra os apoiadores da Marcha. Ou seja, havia uma disputa facciosa dentro da #OcupaSampa, ambos os grupos trocavam acusações sobre serem de partidos políticos diferentes e estarem usando o espaço da #OcupaSampa para projeção de seus interesses partidários. Chegamos em Campinas/SP dia 28 de janeiro, após 7 dias de caminhada a pé de São Paulo à Campinas. Seguimos num grupo de 5 pessoas, quatro homens e uma mulher acampando durante as noites ao longo da rodovia Bandeirantes. Em Campinas também foram realizadas palestras, coleta de assinaturas nas praças. A #OcupaCampinas tinha sido desmontada no início do período das férias universitárias. Entraram mais 3 pessoas na Marcha, que permaneceram até a #OcupaBH. Ficamos alojadas/os no prédio do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Campinas, UNICAMP, na época o DCE era administrado por um grupo de estudantes vinculados ao Partido Comunista Brasileiro. Acabamos nos submetendo a esta condição por não haver outra alternativa física para nosso alojamento. Saímos para o Rio de Janeiro dia 01 de fevereiro, mas só chegamos no Rio dia 05 de fevereiro (estou revisando o blogger e volto para contar um pouco mais sobre nossa passagem pelo Rio, pauso a revisão aqui 21/02/2020). Chegamos em Belo Horizonte/MG, Brasília, e Altamira/PA, estabelecendo conexões entre cidades, estados e regiões brasileiras a partir de mobilizações voltadas à democracia, direta/real, o que no Brasil contemporâneo significa a promessa constitucional do exercício do poder soberano do povo brasileiro decidir nossas leis, Artigo 1ª § Único "Todo poder emana do povo que o exerce (...) diretamente, nos termos dessa Constituição" e Artigo 14ª, Soberania Popular, Inciso I Plebiscito Popular; Inciso II Referendo; e Inciso III Iniciativa Popular.  


Os objetivos da Marcha são: 
* Plebiscito nacional para a decisão sobre a construção, ou não, da Usina Hidrelétrica de Belo Monte;
* pleno exercício da soberania do povo brasileiro sobre nossas leis;
* democracia direta/real;
* sustentabilidade para o uso de nossos recursos a partir dos interesses e necessidades das populações locais;
* preservação de nossas florestas;
* proteção aos povos tradicionais;
* poderes horizontais para todos os povos da Humanidade.
Abaixo o texto do facebook à época da organização da Marcha, novembro de 2011:

Texto no Facebook
A Marcha acontecerá a partir dos acampamentos por Democracia Direta realizados em diversas cidades brasileiras, o que configurou o movimento #Ocupa Brasil que reúne sujeitos sociais brasileiros e tem por proposta política fundamental o exercício da Democracia Horizontal, a partir da qual a auto representação faz valer o mesmo direito de decisão para todos sobre a administração e legislação, e se estabelece a partir de relações de poder equitativo entre sujeitos sociais.


ESTRUTURA E ESTRATÉGIAS DO MOVIMENTO

Contamos hoje como estrutura para a realização da Marcha Xingu Vivo:

Estamos sem assessoria jurídica [precisa ser voluntária]

Ocupa Brasil - os acampamentos e os grupos organizados nas diversas cidades brasileiras a partir do movimento pela descentralização dos poderes econômicos e políticos no mundo, movimento por Democracia Direta, portanto por auto-representação, apartidário e centrado nos movimentos sociais enraizados nas necessidades emergentes e reivindicadas pelos interesses do povo brasileiro.
Anonymous Brasil 
Indignadxs da Espanha - apoio com divulgação na rede Indignadxs Espanha.
Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre - contato com grupos sociais e Ongs envolvidas com o movimento pró-Xingu Vivo, contra o projeto de usina belo monte.
Redes Online - a difusão de informações na rede online é parte de nossas estratégias de ação, pela mobilização da reflexão e consciência da vida pública e desmobilização da manipulação de informações pelas mídias de massa. Vamos delimitar o acesso dos sistemas de comunicação de massa com a Marcha Xingu Vivo a partir das redes de conexão online Como todos que querem acesso às informações sobre a Marcha Xingu, os meios de comunicação de massa terão que entrar em contato conosco pela internet.  Essa estratégia serve para nos proteger impedindo qualquer vasão inapropriada de informações paralelas e define as redes de conexão online como lugar hegemônico na nossa comunicação. O poder são as conexões, nosso objetivo é a liberdade e autonomia para a comunicação, e vamos fazer valer nosso poder.


Proposta de campanha: QUER NOS ACESSAR? ENTRA NA REDE.

Ao produzir Reflexão e Consciência, as redes online passam também a gerar movimentos sociais, passam a ser espaço para a organização e mobilização da população para a realização de passeatas, marchas, acampamentos, entre outros eventos, presenciais e online, que reúnem cidadãs e cidadãos que não concordam com ordem política e econômica para as relações sociais locais e internacionais.
É no aperfeiçoamento das interações online que entendemos residir a estrutura física necessária para A DESCENTRALIZAÇÃO DOS PODERES ECONÔMICOS E POLÍTICOS NO MUNDO, para o exercício da DEMOCRACIA DIRETA.
Não precisamos de representantes, precisamos conhecer as decisões a serem tomadas para avaliarmos nossos interesses e definirmos, nós, o Povo Brasileiro, o destino de nosso país e de nosso Mundo, em relação de reciprocidade e solidariedade a outros povos.



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